Lavouras de café podem reduzir impacto das mudanças climáticas, aponta estudo

Desenvolvido na Embrapa Meio Ambiente, uma pesquisa do holandês Fabian Verhage foi na contramão das previsões que mostram que até 2050 a produtividade de café arábica brasileiro será reduzida. “Entre 2040 e 2070, as simulações indicam diminuição das perdas devido à geada e os rendimentos futuros podem atingir 1,81 tonelada por hectare em média no Brasil”, apontou Verhage. De acordo coma Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), hoje a média de produção do café arábica é de 1,5 tonelada.
O estudo avaliou os impactos do aumento da concentração de CO2 (dióxido de carbono) do ar e disponibilidade de água em duas cultivares de café e propôs um modelo de projeção da produtividade aplicado para 42 municípios, em um cenário futuro entre 2040 e 2070.
A projeção mostrou que as perdas irão aumentar por causa da elevação da temperatura e ao déficit hídrico. No entanto, as perdas adicionais serão compensadas pelo efeito da fertilização com o CO2, resultando em um aumento de produtividade. Para o autor, essa pesquisa vai ajudar os produtores a compreenderem melhor os efeitos do clima na produção de café no Brasil, além de direcioná-los para melhores técnicas de manejo. Verhage ainda acredita que estudiosos e responsáveis por formular estratégias de mitigação e adaptação da atividade agrícola poderão ser direcionados com este trabalho.
Questionado sobre o impacto positivo da concentração de CO2, o holandês alertou sobre outras situações que podem afetar as lavouras.“O comportamento de pragas e doenças, o manejo das reservas de água e outros fatores não devem ser deixados de lado”, disse.